Foi apresentado, na última sexta-feira, dia três de Março, o segundo volume do livro "Contributos para o movimento operário e sindical, 1977-1989" no auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga. A apresentação contou com o autor, Américo Nunes, e ainda Vítor Ranita e Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP-IN.
Depois da publicação do primeiro volume, este veio dar continuidade ao projecto da CGTP-IN em compilar e contar a história do movimento operário e sindical pela voz de quem o viveu. Américo Nunes, embora assine o livro, referiu que este é fruto de variados contributos e que, por isso, reflecte a acção colectiva quer dos trabalhadores - construtores da história - quer, internamente, da CGTP-IN.
Já Vítor Ranita fez uma incursão pelos principais temas que este segundo volume trata, retratando a defesa da singular Revolução de Abril, a luta contra as tentativas de privatizar tudo que se seguiu, as preocupações quanto às consequências para o país da adesão à então CEE, sublinhando que muitos dos factos documentados neste livro servirão para analisar situações que podem ser observadas hoje.
Dos vários momentos, a Conferência Nacional sobre os Direitos dos Trabalhadores, realizada em Braga em Janeiro de 1988 foi destacada durante a sessão, momento que encheu o Theatro Circo, sala emblemática da cidade, de delegados e sindicalistas de todo o país e onde foi feita uma caracterização do ataque organizado do patronato e do governo aos direitos dos trabalhadores que perdurou válida e se aprofundou por muito tempo.
Também as denúncias do trabalho infantil e a mobilização em torno da temática, começada no distrito de Braga, e que reuniu consensos aos mais variados níveis, mereceu referência ao longo da sessão. Arménio Carlos lembrou, inclusive, que esta realidade aconteceu numa altura de falta de condições das famílias, de pobreza laboral, de falta de emprego e de baixos salários, onde pagar a educação dos filhos se tornava insustentável e aproveitar a sua força de trabalho se tornava, por isso, uma forma adicional de subsistir.
O secretário-geral da CGTP-IN alertou, assim, para as consequências das políticas de empobrecimento, como as praticadas durante o governo PSD/CDS, com as imposições laborais concertadas com a Troika e que empurraram o país para níveis de desemprego como nunca vistos em 30 anos, com 300.000 portugueses emigrados.
Arménio Carlos não deixou de apontar o dedo aos que, enquanto aumentaram os impostos aos trabalhadores e pensionistas, deixaram passar ao lado as quantias significativas de riqueza produzida em Portugal e transferidas para offshores. Perante a nova situação política, embora valorizando a reversão de políticas ao nível da devolução de rendimentos e pensões, Arménio Carlos realçou a necessidade de se ir mais longe na área da legislação laboral, "mexer no que está errado", referindo-se às normas gravosas introduzidas no Código do Trabalho.
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