O anúncio da intenção do Governo em encerrar os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, com o consequente despedimento colectivo de mais de 600 trabalhadores, constitui mais um acto criminoso perpetrado por quem prossegue todos os dias uma política que arruína a economia nacional, arrasa o emprego e condena o povo à miséria.
Esta decisão, tendo como objectivo adjudicar a concessão dos terrenos e das suas importantes infra-estruturais à Martifer, mostra bem o desprezo que o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas têm pelo interesse nacional e como os grandes interesses do capital económico e financeiro, que ele representa, se sobrepõem à vida dos trabalhadores e à sobrevivência a das suas famílias e ás populações da região, para quem a presença dos ENVC é um pilar fundamental do seu desenvolvimento económico e social.
Estamos perante um crime de lesa-pátria, executado pela calada, cujas motivações envolvem negociatas que devem ser investigadas, assim como os seus autores, até às últimas consequências.
De facto, como é possível justificar este atentado aos ENVC precisamente no momento em que a empresa entregou um novo navio à Marinha Portuguesa e tem todas as condições para relançar a sua actividade, uma vez que tem capacidade técnica comprovada, com profissionais com elevadas competências para projectar e produzir navios de elevada qualidade e complexidade técnica, como também se comprova com os patrulheiros construídos para as forças armadas portuguesas.
O país precisa de um plano estratégico que garanta a contratualização de novas encomendas, em simultâneo com a renovação e aumento da frota pesqueira e do transporte marítimo. Acresce, por outro lado, que com a revisão da directiva europeia sobre segurança do transporte marítimo, relativa à construção do duplo casco dos navios, abre-se também outro mercado importante em que os ENVC têm um enorme potencial de competitividade.
A CGTP-IN já solicitou uma audiência ao Ministro da Defesa, com carácter de urgência. Também reclama do Presidente da República, que tanto tem falado na necessidade de se promover o desenvolvimento das actividades ligadas ao mar, que passe das palavras aos actos, agindo de imediato para fazer retroceder o Governo nesta medida antipatriótica, lesiva dos interesses nacionais, da vida dos trabalhadores e das populações de Viana do Castelo.
A cada dia que passa, a acção destruidora do Governo torna mais evidente a urgência da sua demissão e a convocação de eleições antecipadas.
A CGTP-IN, perante este problema de relevante interesse para o país, manifesta o seu apoio a todas as formas de luta que os trabalhadores do Estaleiro venham a desenvolver e apela a todo o Movimento Sindical para que faça chegar as suas posições de solidariedade à Fiequimetal, à União Sindical de Viana do Castelo e aos respectivos sindicatos.
A Comissão Executiva do Conselho Nacional da CGTP-IN
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